O gato-bravo, o último felino selvagem existente em Portugal, corre o risco de extinção devido à influência humana no seu habitat, situação que se agravou com a descoberta de indícios de hibridação com gatos domésticos.
A situação deste carnívoro de pequeno porte está a ser estudada pelo Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO), onde está a ser desenvolvido um projeto inédito de identificação genética de gatos selvagens, que permite fazer a distinção com os domésticos.
Depois da extinção do lince ibérico, o gato-bravo é o último felino selvagem existente em Portugal, tendo a sua população vindo a decrescer ao longo dos anos, principalmente devido à destruição do seu habitat.
"O problema é que o gato selvagem não é uma espécie mediática, como o lince ibérico, pelo que ninguém sabe qual a sua distribuição real no território português", afirmou Pedro Monterroso, investigador do CIBIO, unidade de investigação da Universidade do Porto que funciona nas instalações de Vairão, Vila do Conde.
No mesmo sentido, Paulo Célio Alves, que coordena a equipa de investigadores que se dedica ao gato selvagem, lamentou «um quase total desconhecimento» desta espécie, que se admite existir em todo o país, mas em número cada vez menor.
A verdade é que é difícil distinguir à vista os gatos selvagens dos domésticos, pelo que a equipa liderada por Paulo Célio Alves tratou de "arranjar ferramentas" que facilitem a distinção, recorrendo a técnicas moleculares.
O projecto liderado pela investigadora Rita Oliveira, iniciado em 2003, já permitiu identificar vários marcadores moleculares que possibilitam a distinção entre os gatos selvagens e os domésticos apenas com a análise de amostras, evitando a necessidade dos animais terem que ser apanhados e manuseados.
O problema da hibridação foi detectado neste trabalho, quando os investigadores descobriram quatro animais híbridos entre os 28 gatos selvagens recolhidos para análise.
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