segunda-feira, 18 de maio de 2009

Bichos dão exemplo de maternidade

Beto Magalhães/EM/D.A Press
Amor de mãe não tem limites. Chega sempre na hora certa, dá carinho na medida exata e protege contra todos os perigos. Debaixo das suas asas, no calor do seu colo e sob o olhar atento do seu coração, os pequenos encontram o melhor caminho para sair do ninho e conquistar o seu espaço no mundo. Neste domingo dedicado a elas, vale, mais do que nunca, uma homenagem também à mãe natureza, que tem sido tão maltratada, mas que ainda consegue dar a volta por cima e se derramar em afeto pelos filhos da Terra. Em Belo Horizonte, há bons exemplos do zelo e dedicação de parte desse universo natural. Macacas com as crias, passarinhos defendendo os filhotes, cadelas alimentando a prole e outros bichos mostram que a biodiversidade sabe encantar com a sua harmonia familiar.


Na Fundação Zoobotânica de BH, na Região da Pampulha, sobram provas de que coração de mãe desconhece cara, cor, tamanho e espécie. Conhecida como uma das espécies mais protetoras da floresta, a primata cuxiú, chamada de Anauá, se desdobra em mimos para o filho nascido há quatro meses. No lugar do xampu e do sabonete cheiroso, uma boa lambida para começar o dia. Em vez da toalha felpuda, os braços peludos da mãe. Para um passeio de galho em galho, só mesmo se for em suas costas fortes e aconchegantes. E não pense que os cuidados param por aí. Depois de coçar a barriga do filhote e ajeitar seu negro topete, ela mantém os olhos arregalados para acompanhar cada salto e até mesmo os menores movimentos da cria.

No recinto dos macacos-prego, a estrela é a pequena Maíra. Mesmo depois de completar um ano e um mês de vida, ela luta para manter o vínculo com a mãe, Iraci. Vira e mexe, a filha corre para os seus braços à procura do peito. Mas, gulosa, não se contenta apenas com o leite materno. Entre uma brincadeira e outra, Iraci quebra sementes, descasca frutas e rasga as folhas de alface em pequenos pedaços, tudo para saciar o apetite de Maíra. Ainda no reino dos primatas, a encantadora Fusquinha, uma macaca bugio de 14 anos, emociona com uma história de superação. Os pais foram pegos por caçadores quando ela tinha apenas poucos dias de vida e, por isso, cresceu no zoológico longe de parentes próximos. O pouco convívio familiar fez da bugio uma mãe inicialmente desastrada, com muita dificuldade de proteger os filhotes.

“Fusquinha perdeu a primeira cria por não saber cuidar dela e aquecê-la bem. Com o tempo, ela foi adquirindo habilidade e agora que está com o quinto filhote, a Mel, é uma mãe exemplar. O mais bonito é que ela ensina a filha mais velha, a Florzinha, a cuidar da irmã caçula. Chega a ser engraçado ver a Fusquinha pôr a Mel nas costas da irmã. Mas os primatas têm o costume, assim como os humanos, de transmitir conhecimentos essenciais aos filhos. É uma forma de garantir a sobrevivência da espécie”, explica a bióloga Valéria Pereira, responsável pela seção de mamíferos da Fundação Zoobotânica.

No viveiro dos turacos, um exuberante pássaro africano, proteger o filhote é palavra de ordem. Com pouco mais de 20 dias de vida, o pequeno já não vive exclusivamente no ninho e não recebe mais os alimentos no bico, regurgitados pela mãe. E, enquanto ele ganha as primeiras penas e ensaia pequenos saltos entre os puleiros, ela não mede esforços para escondê-los entre folhas de árvores e até mesmo debaixo das próprias asas.

Instinto

O ditado cara de um, focinho do outro parece ter sido feito para a labradora Diana e seus cinco filhotes recém-nascidos. Cópias fiéis da mãe, os pequenos cães ainda não abriram os olhos nem descobriram o mundo à sua volta. Mas nem por isso erram o caminho da sobrevivência. Cheios de instinto, eles acertam ao procurar pelo leite farto de Diana. A ninhada divide espaço com cerca de 60 cães no Canil Zuo’s, em Itabirito, na Região Central de Minas, e recebe atenção especial de uma outra mãe protetora, a cadela Minie, da raça Shar-Pei, e sua única cria, nascida há uma semana.

“Os cachorros são muito ligados aos filhotes. Além de amamentar o dia todo, a mãe tem cuidados essenciais para o crescimento do filho. É ela quem lambe os filhotes e os estimula a fazer xixi e cocô. É uma proteção bonita de se ver”, conta o dono do canil, Daniel Oliveira. Nos jardins do sítio em Itabirito, a natureza esbanja fertilidade e exuberância. Ao lado das ninhadas de cães, a égua Serena não cansa de amamentar a potrinha Brisa, com seis meses de vida, a vaca Risoleta vive cercada pela filha Violeta e até a porca Dorotéia, sem crias recentes, adotou o jovem Bacon, um porquinho que até tenta mamar nela.

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