SÃO PAULO - A cidade de Ribeirão Preto, a 319 km de São Paulo, tem o maior número de casos de raiva em morcegos confirmados este ano: 13. De acordo com o Instituto Pasteur, o registro de morcegos com o vírus da raiva aumentou 44% em um ano. De janeiro a abril foram 42 casos em 2009 contra 29 em 2008. Ribeirão Preto é responsável por 31% dos casos. Em média, de cada cem morcegos capturados no estado, um tem o vírus da raiva.
No Brasil existem 160 espécies diferentes de morcegos. Nas cidades, o animal procura abrigo no telhado das casas porque, geralmente, são locais quentes, úmidos e longe dos predadores.
Segundo o biólogo e pesquisador da USP de Ribeirão Preto, Hertz Figueiredo, o contato cada vez mais comum com o ser humano é resultado da destruição do habitat desses animais.
Para evitar o contágio, a principal orientação do especialista é nunca tocar nos morcegos. A outra dica é manter a vacinação dos animais domésticos em dia, uma vez que eles podem ser contaminados e depois retransmitir a doença para o ser humano.
Nos animais, a raiva pode causar sintomas bem diferentes dependendo do tipo de doença.
- A raiva pode ter duas formas: a furiosa e a muda. A furiosa deixa o animal excitado, agressivo. A muda pode deixar o animal paralítico, medroso e acuado, sem vontade de se alimentar e tomar água - explica a chefe controle zoonoses de Ribeirão Preto, Eliana Collucci.
Devido ao alto grau de contaminação na cidade, agentes de controle de zoonoses vão capturar alguns morcegos em regiões onde foram registrados animais contaminados para verificar se eles têm raiva.
Em abril passado, técnicos da Defesa Agropecuária começaram buscas em 10 municípios da região de Jaú para exterminar morcegos da espécie hematófaga, a que se alimenta de sangue. O motivo são ataques de morcegos contra gado em fazendas da região. A maioria dos morcegos, porém, é frugívora, que se alimenta de frutas.
Em Bauru, foi confirmado um caso da doença em morcego e o animal foi capturado num apartamento. Como medida de segurança, a equipe de Vigilância e Saúde Ambiental fez um bloqueio na área onde o animal infectado estava. Todos os cães e gatos num raio de 500 metros foram vacinados.
O controle é feito apenas com os hematófagos, transmissores do vírus da raiva e os únicos autorizados por lei a serem exterminados. O veterinário do Escritório de Defesa Agropecuária, Paulo Roberto, lembra que a raiva é uma doenaça contagiosa e mortal. Os morcegos capturados recebem a aplicação de uma pasta anticoagulante, são soltos e retornam aos abrigos. Como eles têm o hábito de se lamber, o produto acaba matando colônias inteiras.
Os morcegos são os únicos mamíferos capazes de voar. São cerca de mil espécies. Num outro animal apresenta hábitos alimentares tão diversificados. Dependendo da espécie, eles comem até peixes. Porém, apenas três espécies de morcegos se alimentam de sangue e são encontradas justamente na América Latina e no Sul do México.
Em São Paulo, a Coordenadoria de Defesa Agropecuária foi criada no fim de 1998. Houve ocorrência de um grande surto de raiva em herbívoros entre 1999 e 2001. A vacinação tornou-se obrigatória nas áreas de risco a partir de novembro de 2001. O controle do morcego hematófago foi intensificado nas áreas de maior ocorrência da doença, com o cadastramento de abrigos e controle populacional desse transmissor.
quarta-feira, 20 de maio de 2009
Registro de morcegos com vírus da raiva cresce 44% em São Paulo e Ribeirão Preto lidera casos
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